sexta-feira, 15 de maio de 2009

Fecho os olhos para ver,
Se ainda sou inteiro,
Porque a pressa de viver
Faz meu passo tão ligeiro,
Que m’esqueço até de ser
Quem sou para quem m’abeiro…

Corro, corro… já sem parar,
Porque tempo é dinheiro…
Nem que tenha falta de ar
Ou ataque de mau cheiro!
(Assim me hei-de recrear
Em não ser rio, só ribeiro…)

Vivo só pela metade
O que a vida pode dar,
Pois não me dou liberdade
De bater asas e voar,
Sem ter medo, nem saudade
Do que resisto a largar…

Quero mais estar do que ser!
Mais casca do que caroço…
Por, distinguir, eu não saber,
Um quadro do seu esboço!
(Acabando por me perder
Num estéril alvoroço…)