sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Porque será que sinto eu
A noite, em mim, mais presente,
Reinando as estrelas no céu
Em vez do sol, que está ausente,
E envolvendo meu cor num véu
Que impede o dia de se fazer nascente?

Que sombra é esta que se lança,
Assim, sobre mim, tão destemida
E, sem dar descanso, muito avança,
Com fome, sem refreio e sem medida,
Estrangulando a incrédula esperança
Que, em desespero, busca a luz, busca a vida?

Mas será ela que, infeliz, me toma
Ou serei eu que nela me entrego?
Será escuridão que, por mim, assoma
Ou embuste em que, por vício, escorrego?
Serei vítima de um mal que me doma
Ou, por minhas mãos, me firo e cego?...