segunda-feira, 9 de março de 2009

Escrevo à beira-mar da minha solidão… Onde se sente no coração o fim do mundo e o início do infinito, onde o meu presente se cruza com o nosso desfecho e o nosso princípio… Escrevo desta areia fina que me cobre o pensamento, deste vento forte que me zumbe nas palavras, deste cheiro a maresia que me enche de vertigens… Onde um azul se une ao outro, onde a água se une à terra, onde a espuma das ondas se une ao choque da imensidão… Escrevo onde o sol se há-de esconder, onde os seus raios hão-de dançar em reflexo, onde da minha dor me hei-de esquecer… Aqui, onde ser pequeno acalma e sossega, aqui, onde se vê melhor por se ver tão longe, aqui, onde o corpo repousa e a alma navega…
Derrete-se-me o espírito pelo magnetismo do gigante adormecido. Corro para ele, sinto-me rio… Diluo-me nele, tornando-me parte de algo maior. Descubro a reconfortante e velha conhecida sensação de paz que se tem quando se chega a casa e se pode, finalmente, descansar… Não há nada a dizer! Nada a pensar! O tempo perdeu a sua urgência e eu perdi-me no mar…