terça-feira, 16 de junho de 2009

Desejar amar e ser amado, viver um grande amor… é algo que a generalidade das pessoas quer para si. Normalmente, para evitar o sentimento de solidão ou para se sentir parte de algo maior, algo que traz sentido à vida. E é assim que, tantas e tantas vezes, ainda nem amamos, nem sequer estamos envolvidos com alguém, e já estamos a cair em erro!
Porquê?
Porque não nos apercebemos que estamos a instrumentalizar o amor… Queremos amar não pelo bem que isso representa em si mesmo, mas pelo interesse egoísta do que isso nos pode trazer. Queremos o amor não pelo amor, mas pelo apaziguamento da nossa consciência. Ora, o problema disto consiste em contrariar a própria natureza do amor!
Faça-se uma pergunta: para que serve o amor? Qual é o seu objectivo, afinal?
O amor é a mais alta expressão do Bem. Esse é o seu objectivo: a materialização do Bem. O amor não existe para nossa recreação pessoal, por muito que nos faça ter boas sensações… Ele existe, isso sim, para nos fazer melhores! Para tal, coloca-nos um desafio: aceita-te como és, na tua vulnerabilidade, na tua fragilidade, e, a partir disso que és, abre-te ao outro no que tiveres de melhor, aceitando o risco de veres aquilo que ofereceres ser usado contra ti mesmo… no fundo, e de outra forma: dá-te, dá-te sem reservas, de forma descomprometida e sem medo do medo que hás-de sentir!
Quando nós desejamos amar, sonhamos com o amor ou amamos, não o devemos fazer motivados por um qualquer egoísmo, porque, se o fizermos, vamos estar a usar o amor em benefício próprio, subvertendo a ordem certa das coisas… Pois não somos nós que nos devemos servir do amor, mas é ele que se deve servir de nós para fazer correr de nós o nosso melhor, todo o nosso Bem. O problema de muitas pessoas é ver o amor como um instrumento para atingir a felicidade (entenda-se, a sua felicidade particular), em vez de perceber que, na verdade, somos nós o seu instrumento! Por isso mesmo, ele é um desafio constante, que pede para nos esquecermos de nós mesmos para que ele tenha oportunidade de existir através de nós. Ou seja, amar é uma inquietude… uma inquietude que não se coíbe, apesar das nossas inseguranças, dos nossos medos, dos nossos fantasmas pessoais, de se manifestar, de nos tentar conduzir, de nos desafiar.