quarta-feira, 30 de julho de 2008

Respirei fundo, tanto quanto podia, como se me enchesse do mundo… Prendi o ar em mim, deixando a minha mente flutuar nas notas graves do coração cada vez mais omnipresente… Deixei o tempo passar até o instinto se alarmar e querer tomar conta de mim… Resisti ao impulso de ceder, de soltar o prisioneiro que reclama por liberdade… Senti a tensão a acumular-se na pressão do sangue que parece acorrer à minha face… Entrevi o medo a surgir, primeiro distante, tímido e discreto, até depois exigir nada menos que um cuidado completo… Ceguei-me com o latejar que se apoderou de cada fibra do meu corpo… Experimentei o mundo a parecer querer parar, abrandando nessa urgência que me sequestrava a atenção… Perdi a concentração e o raciocínio fez-se lento e desconexo… Aguentei o quanto pude, até perceber que a força da vida que corria em mim era mais forte do que eu… Respirei então novamente, abandonando-me nos braços dessa energia que em mim se faz presente… Derrotado… estava vivo! Quem diria que seria o meu estado a mais doce derrota que me tem vencido?