sábado, 18 de abril de 2009

Como se deve lidar com o amor que alguém nos dá?
Há uma maneira certa e uma maneira errada…
A maneira errada é pensar ou supor que se tem um poder sobre a outra pessoa. Depressa nos tornamos presunçosos e arrogantes, se pensarmos assim. Não só damos como adquirido quer o sentimento da outra pessoa, quer a outra pessoa, ela mesma, na sua presença, mas também esticamos o limite do que é aceitável para o nosso próprio comportamento. Permitimo-nos ser mais rudes, mais crus, mais bruscos, mais desagradáveis, mais negligentes, porque sentimos que a outra pessoa há-de estar impotente para fazer alguma coisa de relevante, ou com impacto verdadeiramente forte, na relação que se tem. Não é por alguém nos dar uma má resposta, algo que não gostamos de ouvir, por exemplo, que vamos pôr em causa o nosso sentimento ou a relação que se estabeleceu… isso é verdade! Mas o perigo está em deixar que essa má resposta se multiplique por várias ocasiões, e que, daí, se entre numa rotina destrutiva que acaba corroendo a relação por dentro.
A maneira certa, porém, é apercebermo-nos que, o amor que alguém nos dá, é, sobretudo, um privilégio: o privilégio de podermos viver duas vezes, o privilégio de termos duas moradas. De vivermos duas vezes, por nós mesmos e através da outra pessoa. De termos duas moradas, o nosso coração e o coração da outra pessoa. Como é um privilégio, como o sentimos como um privilégio, o primeiro instinto é o da preservação, de lutarmos por o manter, de estarmos à altura de o receber, de sermos dignos dele. Quer-se preservá-lo! Em vez da arrogância, é a humildade que vence. Em vez da negligência ou presunção de tudo estar alcançado, forma-se a responsabilidade por um desafio que se renova diariamente.
É bom… sentirmos que alguém nos ama! Mas há algo melhor do que isso… que é o de percebermos que esse sentimento é uma influência positiva na vida da outra pessoa, dela mesma que nos ama, que lhe faz bem, que a faz ser mais forte, que a faz ser melhor! É fácil usarmos o amor que alguém nos tem em benefício próprio… É fácil sugar de outrem o seu melhor, esvaziando-o, secando-o, atrofiando-o… No entanto, o mais compensador é tratar esse amor com respeito e dignidade tais que dê de volta, a quem nos ama, a certeza de uma estima que o valoriza, preza e zela. O mais compensador é que, o amor que alguém sente por nós, acabe por lhe ser motivo e razão para mais amar, para melhor amar.
No fundo, a diferença está em servirmo-nos dos sentimentos dos outros ou edificarmos os outros através dos seus próprios sentimentos… A diferença está em inferiorizarmos ou menorizarmos os outros por causa do que sentem por nós ou em deixarmos que esse sentimento sirva para darmos as mãos e caminharmos lado a lado, como iguais, com eles. A escolha está nas nossas mãos.

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