sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ontem, chorei! Madrugada adentro…
Deixei os meus olhos navegar por entre a minha dor. Deixei-a transbordar para se dar a conhecer ao mundo. Mas, no silêncio do meu quarto, o mundo dela não soube. As quatro paredes que contiveram o meu choro são as mesmas que me fizeram chorar.
Confrontei-me com a minha verdade: sou sozinho. Mais do que estar, sou sozinho! E chorei… sozinho, chorei a minha solidão. Que outro destino há-de ter o solitário senão ser e chorar solitariamente?
Ondas compulsivas de desespero deram à costa do meu ser. Tomaram conta de mim… e eu não lhes resisti, não me debati. Naufraguei com um rombo na minha alma. Flutuando no nada, dediquei-me a procurar a terra firme da esperança. Mas quatro gigantes me cercaram, quatro paredes me impediram de ver mais longe. Ceguei-me com o mundo na noite! O resto do mundo, cego de mim, e, eu, cego de fé…
Doía tanto que chegava a doer o coração do meu coração.
A minha aflição passa na noite como o Sol do outro lado da Terra: brilha, brilha muito, só não se vê. Apenas eu a sinto, queimando por dentro. E, ontem, queimou tanto que me desfiz em cinzas… São elas que, hoje, se espalham pelo papel. Para o mundo, sujidade; para mim, desespero!
Ontem, percebi que sou pouco. Percebi que sou o nada que não queria ser. Não importa o que faço, não importa o que sinto, não importa o que escrevo. Para ninguém faz diferença… ninguém quer saber…
Novo assalto de agonia.
Fui à procura do céu. À procura de uma luz. À procura de um brilho especial. Desejei ser criança outra vez. Lembrei como, nessa altura, o sono vinha depressa para secar as minhas lágrimas. Perguntei-me porque razão ele teria deixado de vir assim, solícito, ao meu encontro. Mais um que não me vê…
Quem sou eu?
A pergunta não a fiz, porque nunca deixou de estar presente. Implícita na própria dor! Parte integrante… Ocupou-me o pensamento só o ponto de interrogação. Já bastava. O enigma que, aparentemente, não consigo resolver. Mas eis que, devagarinho, afinal, o sono sempre me encontrou…
E fez-se dia outra vez!

Em Deus, descubro que tudo tem o seu tempo. Em Deus, descubro que tudo, em mim, importa, mesmo que não importe para mais ninguém. Em Deus, descubro que ser, ainda que sozinho, tem dignidade suficiente. O nosso Valor não está no valor que os outros nos dão ou nos reconhecem… E esta verdade há-de ser a nossa tristeza e a nossa felicidade!
Ser é ajoelharmo-nos perante a Vida e darmo-nos a Ela para Ela também ser por nós… Ninguém me pergunte quem eu sou, quando apenas se deve saber que se é!
A noite passou… e eu? Eu recuperei a minha fé…

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